sexta-feira, 1 de julho de 2011

Dialogando com um coração


É engraçado como às vezes eu me surpreendo comigo mesma... Outro dia desses, mexendo em uns papéis que eu havia guardado há muito tempo, encontrei um texto que escrevi há pelo menos doze anos. Um texto que fala de amor – na verdade um diálogo. Não sei bem o que me inspirou na época, mas acho que foi um presságio, pois três anos mais tarde eu senti e realmente aprendi o que era um amor verdadeiro...



DIÁLOGO

Paixões, amores, amantes... Que mundo maravilhoso! Tudo é tão perfeito...

“Alguma lembrança?”

Sim, eu me lembro. Aquelas imagens ainda estão em minha mente; difícil esquecer. Parece que foi ontem. Ainda sinto aquele perfume que ainda me faz arrepiar. E eu tinha apenas dezessete anos.

“Que idade maravilhosa!”

Eu estava descobrindo as coisas, conhecendo o mundo... Foi naquela noite, exatamente no momento mais lindo da minha vida que eu me apaixonei.

Meu primeiro amor. Ele simplesmente apareceu. Bastou apenas isto para que a magia do amor que eu sempre quis entender tomasse conta do meu coração, minha alma.

“Sentiu algo?”

Quando nossos olhares se encontraram senti algo inexplicável que fez meu coração bater mais rápido. Pela primeira vez, senti alguma coisa mudando dentro de mim. Meu coração parecia crescer, ficou cheio... cheio de amor.

Foi um momento tão sublime e encantador que o mundo passou a ser pequeno para tanta felicidade. Tudo perdeu sua importância diante de nós.

Beijos...

“É bom?”

Ah, que coisa boa. Um simples gesto que derrete qualquer gelo em qualquer coração frio. Principalmente quando se tem amor.

“Amor?”

Sim, amor. O mais nobre sentimento que um ser humano pode sentir. Ele dá asas aos nossos sonhos, cor aos nossos dias.

Tudo era tão lindo, mágico. Aquilo parecia eterno, mas...

“O que aconteceu? Como? Por quê?”

É, tantas perguntas sem muitas respostas. O que um dia foi jurado ser eterno numa jura de amor, desmoronou-se diante de mim. Foi um choque; parecia que o mundo inteiro havia desabado em minha cabeça. Ai que dor!

“Na cabeça?”

Não, no coração.

“E hoje?”

Hoje estou só, porque o amor que um dia habitou o meu coração foi embora, sem nem mesmo dizer adeus, e o pior: levou metade do meu coração com ele.

“Tem saudades?”

Ah, se tenho. Saudade dos passeios, das intermináveis tardes que passamos juntos admirando o por do sol, da troca de olhares, do formigamento quando nossas mãos se tocavam, saudade dos carinhos... De coisas boas é claro que tenho saudade.

“Mas, quem sabe amanhã, e depois e depois... e se aparecer outro?”

Outro? Ah, não, por enquanto não.

Hoje penso que, aquela dor que um dia retalhou minha alma, não suportaria novamente um coração ferido: o meu coração.

Primeiro ele precisa voltar e trazer de volta a metade do meu coração que um dia ele levou consigo. Quando esse dia chegar, ai sim, juntos, vamos reconstruir o que um dia nós sonhamos para nós e sermos felizes outra vez.